Paro para pensar se são as tragédias, doenças, fome, ignorância ou a simples falta de sorte que leva uma pessoa a fossa dos pensamentos, ao lodo da existência. Engraçado, até parece que quero dar um quê darck ou pisicodélico a isso, mas não, é mais porque estou tomada por uma sensação raríssima, aquela que permite segundos de falta da razão, aquela que transborda o cantinho das emoções e não permite espaço a mais nada de supostamente racional, usual, cultural. Quando mais nada faz sentindo, quando por segundos perdemos o fio da meada, que sentimos realmente, que o corpo fala pela alma, que ele pede por socorros, que ele clama por clemência, vem buscar o que lhe pertence.E neste momento, neste encontro bem dito, neste acerto de contas, encontra-se a pior das catástrofes, se percebe que o já construído em toda uma estrada foi exatamente o que o destruiu, sem querer, por saber, por querer saber. É exatamente nestes vãos momentos quando a alma consegue um equilíbrio com o corpo, quando a razão abre espaço ao que á de puramente divino nos seres humanos. Algo que era para ser sublime, passa a ser o inferno interior, porque em nome desta inteligência disfarçada, mascarada, calculada, Ferimos o corpo magoamos a alma. Todos os dias somos discretamente mutilados, por nós e por todos, mutilamos também. E em algum segundo, minuto, minutos, no escuro, no por do sol, talvez em baixo das cobertas ou até mesmo presenciando tragédias e catástrofes, permitiremos que a alma venha sorrateiramente, despercebida até então, e proteste ao corpo, a divindade que lhe foi concebida antes mesmo de nascer. Ai sofremos como seres humanos, ai sofremos como manifestações divinas. Ai morremos e voltamos a razão.
Mais um tempo
Há 4 anos